PÁSCOA – 2014
Caros Irmãos, Irmãs e Amigos da Familha Passionista.
Saudações a todos vós na Paixão de Jesus!
Enquanto escrevo estas palavras, estamos iniciando a Semana Santa: um tempo que é tão significativo para nós Passionistas, porquanto comemoramos e acompanhamos Jesus nas últimas horas da sua Paixão que o conduzirão à morte e ressurreição. Entramos nesta semana depois de ter recebido, no decurso da Quaresma, a graça da conversão, da renovação da mente e do coração. Como desejável, a nossa resposta neste tempo forte nos conduziu muito mais sob a influência de Cristo e nos levou a ver, compreender e responder a cada evento da vida à luz do Espírito Santo. Sim! Cada um de nós é uma pessoa NOVA, ou melhor, uma pessoa RENOVADA! Este fato necessariamente terá o seu impacto no modo como vivo a minha vida e a minha relação de discípulo de Jesus hoje em dia.
É nesta perspectiva que entramos na experiência da Semana Santa, que não é apenas um “recordar” os eventos ocorridos na vida de Jesus a dois mil anos atrás. Além disso, através das celebrações litúrgicas (orações e símbolos) e da escuta dos relatos da Paixão de Jesus, nós “re‐vivemos” a memória, uma vez mais, e caminhamos junto a Jesus na sua Paixão, aprendendo o seu modo de afrontar os eventos e responder a eles.
Enquanto, naturalmente, devemos compreender o sofrimento humano e a brutalidade que Jesus sofreu como consequência da sua proclamação dos valores do Reino e em obediência à vontade do Pai, nos propomos contemplar também o mistério mais profundo da Paixão que recebe significado à luz da
Ressurreição. O nosso Fundador, S. Paulo da Cruz, na contemplação do Crucificado, conseguiu apreciar a Paixão de Jesus como “a maior e mais estupenda obra do Amor de Deus” e “a porta da união com Deus”.
O que te move a contemplar a Paixão?
Responde P. Richard Rohr:
Aqueles que “volvem o olhar” (Gv 19, 37) ao Crucificado longamente, com olhos contemplativos, são sempre profundamente curados de seus sofrimentos, da carência de perdão, da agressividade e do vitimismo. Isto não requer, para nada, uma formação teológica, mas simplesmente uma “mudança interior” através da recepção da sua imagem e oferecendo, sem nenhum risco, a própria alma em troca.
E continua dizendo:
Eu creio que estamos convidados a olhar para a imagem do crucifixo para atenuar os nossos corações nos confrontos com Deus e para conhecer que o coração de Deus sempre esteve terno nos nossos confrontos,
mesmo e de modo muito especial nos nossos sofrimentos. Isto nos torna ternos para conosco mesmos e para com todos aqueles que sofrem.
Nestes dias da Semana Santa, algumas das ações e das respostas de Jesus nos eventos que o conduziram à morte na cruz constituem um desafio para nós:
O desinteressar‐se de si mesmo e a sua obediência em desejar aquilo que agrada ao Pai: “Pai, se queres afasta de mim este cálice. Contudo, seja feita a tua vontade, não a minha” (Lc 22,42).
O seu gesto de generoso e humilde serviço de lavar os pés dos discípulos: “Vós também deveis lavar‐vos os pés uns aos outros. Dou‐vos, de fato, o exemplo para que façais a mesma coisa que eu vos fiz” (Gv 13, 14‐15).
A sua preocupação e atenção para com os outros e não consigo mesmo: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas por vós mesmas e por vossos filhos” (Lc 23, 28).
A sua atitude e a sua oração de perdão sincero pelos seus perseguidores: “Pai, perdoai‐lhes porque não sabem o que estão fazendo” (Lc 23, 34).
A sua total confiança no Pai, não obstante o silêncio à sua pergunta e à aparente ausência de Deus: “Meu Deus, meu Deus: por que me abandonaste?” (Mc 15, 34).
O seu completo abandonar‐se e a sua total auto doação, por amor, na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23, 46).
Celebrando, nestes dias, o Mistério Pascal, a salvífica Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, deixemos que
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Nós Passionistas fazemos do Mistério Pascal o centro de nossa vida. Com amor nos dedicamos ao seguimento de Cristo Crucificado e nos preparamos para anunciar, com espírito de fé e caridade, a sua Paixão e Morte, não apenas como um fato histórico do passado, mas como realidade presente na vida dos homens, especialmente nos que hoje são “crucificados” pela injustiça, pela falta de sentido profundo da existência humana e pela fome de paz, de verdade e de vida.
São Paulo da Cruz disse: “O mundo vive esquecido dos sofrimentos de Jesus que são o milagre dos milagres do amor de Deus. Devemos despertar o mundo do seu sono”. Enquanto Passionistas, nós possuímos aquilo que é necessário para mostrar ao mundo um outro modo ou estado sob o qual viver e relacionar‐se, isto é, o modo da Cruz e o estado do amor sofredor.
Não percamos o nosso ânimo! Ao contrário, que a nossa participação nesta Semana Santa e Páscoa, possa inspirar‐nos e reforçar a nossa esperança no viver e testemunhar a nossa vocação passionista em união com o Senhor Crucificado e com um renovado compromisso em favor dos “crucificados” do mundo.
A cada um de vós desejo todas as bênçãos do céu nesta Páscoa. Possais conhecer a alegria da presença do Senhor Ressuscitado!
A PAIXÃO de Jesus Cristo
esteja sempre em vossa mente e em vosso coração
de tal modo que também a VIDA de Jesus
possa estar em nós.
P. Joachim Rego, C.P.
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