quarta-feira, 25 de maio de 2011

É sério, pare e pense

Música baiana em estado de imbecilidade:

O pagode baiano usa expressões chulas e palavrões que são reproduzidos por crianças, adolescentes e jovens, e que empobrecem a cultura, reforçam a idéia de um estado analfabeto.
Quando alguém pronuncia a palavra analfabetismo na Bahia, e se essa declaração parte de um acadêmico, branco ou da elite, parece tratar-se de racismo, discriminação e ódio.
Quando dizem que o som do berimbau é simplório, e que qualquer um pode reproduzi-lo sem maiores conhecimentos instrumentais, por possuir apenas uma corda, logo diriam, é mais um que odeia as raízes baianas, suas influências e sua cultura. Isso já ocorreu na Bahia e deu muito pano pra manga.
E quando dizem que a música baiana está cada dia pior, e que o pagode não passa de mais um sonoro palavrão multiplicado por milhares de incautos, ignaros e estúpidos, certamente repetiriam, trata-se de mais um a ver-nos como sub raça, desinformados e inconformados.
Pois é... E quando essa declaração parte de um sujeito pardo, de origem negra e indígena, e que cursou apenas o segundo grau? Aí, certamente dirão, trata-se de um oportunista, um comunicador frustrado ou de alguém que não conseguiu galgar os seus objetivos.
Pois bem, esse rodeio, meio despretensioso, mas importante, é para falar do grau de imbecilidade a que chegou a música baiana, principalmente ao pagode aqui produzido e consumido. Não falo do Axé, que apesar da mesmice, não usa palavrões nem ridiculariza a Bahia como Estado analfabeto.
Como estudei numa das escolas mais influentes da Bahia, (principalmente nos anos 50 e 60), o Colégio Central, e também participei da coletanea poética em homenagem ao sesquicentenário da instituição, e fiz teatro e poesia nas ruas de Salvador, se eu pronunciar algumas palavras (ões) e gestos obscenos da música baiana, vou assinar abaixo do que se diz da Bahia pelo Brasil afora, de que é um povo mal educado, sem cultura e que só gosta de balançar o 'bundalelê'.
E, vendo de perto, algumas coberturas jornalísticas pela Bahia adentro, chego a interrogar-me quanto às minhas origens. E chego a duvidar que tivemos em nosso berço um Raul Seixas, um Castro Alves, um Wally Salomão, um Jorge Amado – que mesmo produzindo alguns palavrões, nunca foi um turpilóquio -, e tantos outros que enalteceram e alguns que ainda enaltecem e fazem lembrar que tínhamos uma cultura.
Mas, quando vou ao Campo Grande, e ouço Caetano Veloso dizer que ' Xanddy é lindo ' e que ele é ' uma das novas expressões culturais' da Bahia, chego a duvidar que sou baiano de verdade, daquele que comeu tripa seca e farinha de rosca pra não morrer de fome. E eu acho Caetano uma das maiores expressões da música mundial, apesar de ' requentar ' vez ou outra alguma música, que no passado foi considerada ' brega '...
' Aí ' me conformo e vou ouvir um pouco de Xangai, que, entre algumas de suas pérolas, fez o ' ABC do preguiçoso ', que endossa a tese dos sulistas, de que ' o baiano só é gente até o meio dia '. E então o que será o baiano durante a tarde? É uma legião de trabalhadores, cujo estigma de preguiçoso foi amplamente difundido pelos meios turísticos, uma forma de falar da tranquilidade, da “maresia” e do sossego baiano.
O saudosismo aflora e me remete à década de 1980... Lá, até 1985, os shows em Salvador, no Projeto Verão, no Centro de Convenções da Bahia, eram bastante disputados. No palco, Gil, Caetano, Milton Nascimento, Beto Guedes, Barão Vermelho e tantos outros que arrastavam multidões. Na Barra, shows com Morais Moreira, Luis Caldas e Armandinho com A Cor do Som, encantavam e lotavam a praia.
Retorno ao meu trabalho de coberturas de eventos com música baiana, e lá, estampada em minha frente, uma multidão de 20, 30 mil pessoas numa avenida. As meninas, os meninos, dançam como se tivessem sido libertados naquele instante.
Mais parece um balé de zumbis, daquele extraído dos filmes de terror das décadas de 70 e 80.
Ou então em um orgasmo coletivo, algo do tipo promovido por um César ou qualquer outro Calígula da nossa imaginação.
E em uníssono, eles repetem as frases, os refrões e fazem todo o gestual obsceno para completar o enredo empobrecedor. E o vocalista da banda grita, berra e pede para que todos ecoem aos quatros cantos; “Aponte o corno aí, diga que é corno”. E todos riem, como num circo, mas deveriam chorar ao debruçar a cabeça no travesseiro.
A grande maioria desempregada, deseducada e pobre. Desiludida pela face cruel do ensino que lhes oferecem nas escolas públicas, entregam-se aos bailes horrendos como se fossem a última ópera da vida deles. E se entregam de corpo e alma à missão.
Os maiores patrocinadores da música baiana no interior são as prefeituras, que gastam somas vultosas em festas, micaretas, aniversários e inaugurações, contratando bandas que em nada enriquecem a cultura popular, em detrimento do folclore, das raízes de cada cidade e de sua história. E lá se vão tubos e mais tubos de dinheiro público pelo ralo.
E voltam para casa sem saber um verso de Vinícius de Morais, sem ter-se envaidecido por ser brasileiro ao ouvir Pixinguinha, sem ter-se delirado com os versos não menos preguiçosos de Dorival Caymmi, sem ter-se deleitado à sonoridade de Bethania e Gal, ou ter-se maravilhado ao som poético de Gilberto Gil... “Esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei....”, disse Lupicínio Rodrigues, em uma de suas canções,
imortalizada na voz de Gilberto Gil.
E vão me perguntar o que tenho feito para mudar o que já está construído. Nada.... Sinto-me impotente... Apesar de radialista de profissão, jornalista por paixão, não consigo convencer a ninguém do contrário. A música baiana vai continuar tocando assim durante muito tempo. Mas um dia acaba!
Lutar contra o mercado é muito difícil. É uma máquina de fazer dinheiro a qualquer custo! E ninguém está preocupado com a educação, com a cultura, com o folclore. A mídia baiana enaltece, enobrece, escancara esses palavrórios como deuses.

Até que duas meninas aparecem decapitadas numa esquina qualquer.
De quem é a culpa?

Vanderley Soares
Radialista/Jornalista - DRT 5892
Editor do Jornal Gazeta dos Municípios

Alagoinhas-Ba

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Novena para pedir a intercessão da Bem aventurada Dulce dos Pobres


História: Esta novena tem como objetivo olhar para o exemplo de vida cristã da bem aventurada Dulce para que, seguindo os seus passos de discípula do Salvador, possamos, por meio da sua intercessão, alcançar a graça que necessitamos para a nossa salvação e, ainda, aumentar a nossa devoção à Santa Eucaristia, tornando-nos adoradores do Senhor que está presente em corpo, sangue, alma e divindade nos tabernáculos de nossas igrejas, assim, como fazia o anjo bom do Brasil. Por isso, todos os dias esta novena deve ser rezada diante do Santíssimo Sacramento exposto à adoração ou não. Assim, por meio dela podemos deixar que Cristo possa incutir na nossa alma as virtudes que conduziam a vida desta serva de Deus.
A novena terá seu início no dia 13 e vai até o dia 21 (de cada mês). Será realizada na presença do
Santíssimo Sacramento levando os participantes a adoração e contemplação do Senhor.
Oração inicial: ó Senhor Jesus, presente no Santíssimo Sacramento, venho por meio desta novena e adoração, seguindo o exemplo de ir. Dulce, o anjo bom do Brasil, que passava noites e noites na vossa presença, interceder e rezar pelos mais necessitados tanto de bens materiais como de bens espirituais. Quero, por isso, recorrer à intercessão desta vossa serva, a bem aventurada Dulce dos Pobres, para que vós, Senhor, possais olhar para a pobreza da minha alma, que se inclina diante da vossa misericórdia para pedir aquilo que necessito ( fazer o pedido).

1º dia: a exemplo da bem aventurada Dulce, busquemos a conversão do coração.
  • Palavra de Deus: Mt. 19,1-10
  • Silêncio para interiorização da palavra
Canto sugerido: Oração pela Família
“A beleza está nas pessoas, nas plantas, nos bichos, em todas as coisas de Deus. É mais intensa ainda nos olhos de quem consegue ver, acima da simplicidade, a beleza com que ele criou cada pequeno detalhe da vida”. (Ir. Dulce)
Meditação: ir. Dulce, ainda conhecida pelo nome de Maria Rita, era uma menina de 13 anos que
gostava muito de brincar e se divertir. Porém, sua tia Madaleninha querendo que ela visse a vida de uma forma diferente, ensinando-lhe que a vida não é só brincadeiras e divertimentos, mas, assim como ela tem rosas existem também os espinhos, levou-a para que ela conhecesse as dificuldades, os sofrimentos, a pobreza e a miséria que atingia muitas pessoas. Foi visitando os pobres com a sua tia que a bem aventurada Dulce teve o seu primeiro encontro com os pobres e com a realidade durada vida. Naquele momento o Senhor já começou a chamar a sua serva para trabalhar na sua seara.
A garota que só pensava em brincar passou a escutar o apelo de Jesus que a dizia: “todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40).
Oremos: Ó Deus pai de bondade livra-nos do egoísmo e das ilusões deste mundo, para que atendendo ao chamado do vosso Filho, a exemplo da bem aventurada Dulce, possamos ser sensíveis às necessidades espirituais e corporais dos nossos irmãos, ajudando através da nossa conversão na construção do seu projeto de salvação no mundo. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
  • 1Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 glória ao Pai.
2º dia: Como a bem aventurada Dulce queremos dizer sim a Vontade de Deus na nossa Vida.
  • Palavra de Deus: Mt 5, 43-48
  • Silêncio para interiorização da palavra
Canto sugerido: Como barro nas mãos do oleiro...
“O que fazer para mudar o mundo? Amar. O amor pode sim mudar a realidade”. (Ir. Dulce)
Meditação: em 13 de agosto de 1933 no convento do Carmo em São Cristovão,Sergipe, a jovem
Maria Rita dá o seu sim a Cristo, tomando o hábito das missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, recebendo o nome religioso de Ir. Dulce, em homenagem a sua mãe. Porém, este nome já revelava aquilo que a nossa beata seria para os pobres através dos seus gestos de amor e caridade, a doçura do amor de Cristo. Ir. Dulce colocará em prática as palavras que sua madre fundadoradirigiu a ela neste dia de consagração “ que a humildade da Mãe celeste reine nos seus corações, que a sua pureza resplandeça em vocês, que a sua simplicidade e retidão sejam um estímulo para a sua perfeição em cada ato; sigam como verdadeiras e fiéis filhas de Maria”. É por isso, que a Bem Aventurada Dulce afirmará que a vocação é o ideal de santificar-se e que também os outros se santifiquem.
Oremos: Ó Pai criador de todas as coisas, que nos chama a perfeição por meio do seu Filho Jesus Cristo, concede-nos a graça de vivermos a vocação de filhos de Deus para que servindo a vós na vossa Igreja e nos irmãos, possamos contribuir com o nosso sim, a exemplo de Maria e da bem aventurada Dulce, na realização do vosso projeto de salvação. Amém
  • 1 Pai Nosso, 3 Ave Maria, 1 glória ao Pai

3º dia: Bem aventurada Dulce, mulher entregue a oração.
  • Palavra de Deus: Mt. 7,1-12
  • Silêncio...
Canto sugerido: com Jesus tudo pode ser mudado
“A oração é para nossa alma como o ar para o nosso corpo”. (Ir. Dulce)
Meditação: A Bem aventurada Dulce dos pobres acreditava que por sermos criaturas sem força devíamos buscar a nossa força em Deus, já que só podemos dar aos outros aquilo que temos e recebemos de Deus. Por isso, para suportamos as lidas de cada dia, as imperfeições do próximo amando-o sem restrição, precisamos por meio da oração, segundo a religiosa, encontrar a força de servir e de amar no amor de Deus.
Oremos: Senhor dá-nos a graça de que por meio da vida de oração e da intimidade convosco, experimentando o seu amor e escutando a sua Vontade, através da meditação da vossa Palavra, possamos aprender a amar e servir a vós e aos irmãos com a nossa vida, transmitindo aquilo que
nos concede por meio da oração. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 Glória ao Pai
4º dia: Bem aventurada Dulce, mulher eucarística.
  • Palavra de Deus: Jo 6, 30-40
  • Silêncio...
Canto sugerido: Se calarem a voz dos profetas
“Se amamos a deus como ele deve ser amado, então fazemos tudo por ele, ou seja, por aquele que é Sua imagem e semelhança: o pobre, o carente, o necessitado”. (Ir. Dulce)
Meditação: “O amor não é sentimento, não é emotividade. O amor é fiel, generoso. O amor não é dependência. O amor é reciprocidade. Jesus me dá o pão da vida para distribuí-lo com o irmão” ( Ir. Dulce). Esta frase da bem aventurada Dulce revela o quanto tudo aquilo que ela viveu e fez tinha uma única fonte Jesus Cristo. E este Jesus ela encontrava todos os dias no altar da eucaristia, onde ela alimentava a sua vida com o amor de Cristo, unindo o seu coração ao Dele por meio da comunhão diária e com isso, cultivando um único sentimento e um único objetivo com Cristo, amar e servir.
Oremos: ó Senhor infundi em nossa alma o desejo de buscar constantemente alimentar a nossa vida no amor de Cristo, oferecido na eucaristia, para que a exemplo da Bem aventurada Dulce, possamos fortalecidos pelo vosso amor, amar sem limites o nosso irmão ao ponto de entregarmos a nossa vida pela sua salvação. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 Glória ao Pai
5º dia: Bem aventurada Dulce, modelo de missionária do Salvador.
  • Palavra de Deus: Mc. 16, 9-20
  • Silêncio...
Canto sugerido: navegar
“Precisamos ser evangelho vivo”. (Ir. Dulce)
Meditação: Ir. Dulce apaixonada pela causa do evangelho sempre se preocupou com o anúncio da Palavra de Deus, já que para ela só através da vivencia desta Palavra de vida é que a pessoa humana poderia encaminhar a sua vida e a do seu próximo para Deus, Sumo bem para todos nós.
Por isso, é que uma das suas primeiras atividades evangelizadoras foi dar catequese no horário de almoço aos operários das fábricas em Salvador na Península Itapagipana. Continuou com este trabalho evangelizador quando fundou o hospital santo Antônio sempre preocupada em falar de Deus aos seus pacientes e aos funcionários do hospital.
Oremos: ó Deus de bondade, faz-nos ouvintes atentos da vossa `Palavra de Vida para que nos tornando discípulos do vosso Filho Jesus, possamos a exemplo da Bem aventurada Dulce anunciá-lo com a nossa vida e os nossos gestos, edificando, assim, o vosso reino de paz, justiça e solidariedade. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 Glória ao Pai
6º dia: Bem aventurada Dulce um exemplo de humildade que gera sacrifício para o bem do próximo.
  • Palavra de Deus: Mt. 5, 1-16
  • Silêncio...
Canto sugerido: Oração de São Francisco
“Se imitarmos o exemplo de nossa mãe do céu, a humildade, a caridade, o silêncio, seremos realmente felizes”! (Ir. Dulce)
Meditação: um dos fatos mais conhecidos da vida do anjo bom do Brasil é que ao estar visitando as famílias pobres em dos bairros de Salvador, a religiosa encontra um jovem jornaleiro que lhe pede ajuda, dizendo-a em um tom suplicante “irmã não me deixe morrer na rua”. Ao olhar para aquele garoto pobre que lhe suplicava socorro a santa religiosa não hesitou, não tendo nada para oferecer naquele momento a este jovem pediu a um banhista que passava naquela rua neste momento que arrombasse a porta de algumas casas abandonadas para que ela abrigasse aquele enfermo nestas casas desabitadas, pudendo cuidar dele melhor. Olhando para este gesto de coragem e de profundo amor ao próximo, ir. Dulce sacrificou a sua boa fama, arrombando aquelas casas, visando o bem e a salvação daquele menino. Ir. Dulce foi insultada e perseguida por muitos por causa deste seu gesto, mas isto não importava a ela, pois o que era realmente importante era o bem estar do seu irmão.
Oremos: Deus de misericórdia concede-nos pela vossa graça a virtude da humildade, para que seguindo os passos da Bem Aventurada Dulce dos pobres, possamos esquecendo de nós mesmos vencer o nosso egoísmo para buscar o bem e a salvação dos nossos irmãos. Por Cristo nosso Senhor. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 Glória ao Pai
7º dia: Ir. Dulce, uma alma que espera no Senhor
  • Palavra de Deus: Rm 8,18-25
  • Silêncio...
Canto sugerido: Amar somente a Ti
“Diante de sofrimentos, lutas e tribulações, devemos nos guiar pela nossa fé. Tudo se torna mais fácil, quando se tem fé. não uma fé oscilante, mas uma fé firme naquele que tudo pode e tudo nos concede”. (Ir. Dulce)
Meditação: O tão conhecido hospital santo Antônio, que atende milhares de pacientes carentes que vem de todo estado da Bahia, procurando atendimento médico, é fruto de uma atitude de fé da religiosa baiana. Não tendo onde abrigar os seus doentes e sendo expulsa de todos os lugares, onde se instalava com eles, pediu a superiora do seu convento para abrigá-los no galinheiro ao lado do convento, tendo a permissão dela colocou lá 70 doentes, dando inicio assim a sua obra de caridade. Só uma mulher de fé e que confia tão plenamente em Deus pode transformar o impossível para o nosso humano em possível por meio da fé em Cristo. “tudo posso Naquele que me fortalece”
Oremos: Senhor nosso Salvador aumenta a nossa esperança nas vossas promessas de Vida plena para que, confiando no vosso amor possamos transformar por meio da fé, como a bem aventurada Dulce, o impossível para nós em possível para vós. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 Glória ao Pai
8º dia : Bem aventurada Dulce, expressão da força de Deus.
  • Palavra de Deus: Rm. 8, 26-30
  • Silêncio...
Canto sugerido: Cântico de Maria
“Se fosse preciso, começaria tudo outra vez do mesmo jeito, andando pelo caminho de dificuldades, pois a fé, que nunca me abandona, me dá forças para ir sempre em frente”. (Ir. Dulce)
Meditação: Ir. Dulce apesar de ter uma saúde muito frágil, devido a sua doença pulmonar que possibilitava ela utilizar apenas 45% do pulmão, nunca se deixou abater pela sua fragilidade humana, mas buscando a sua força em Deus, trabalhava incansavelmente pelo crescimento da Sua Obra de amor. Colocava sempre o problema dos outros na frente dos seus. Isto demonstra que nada a amedrontava, nem a fazia retroceder no cumprimento da vontade de Deus na sua vida. Esta serenidade era mantida pela religiosa, por causa da sua confiança em Deus.
Oremos: Ó Senhor, nosso salvador, que dispusestes as graças necessárias para a nossa salvação
por meio da sua Igreja. Fazei com que nós, seguindo os passos da bem aventurada Dulce através da confiança plena no vosso amor, possamos superar as dificuldades da vida com serenidade, não
deixando que o desespero tome conta do nosso coração. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 ave Maria, 1 Glória ao Pai
9º dia: Ir. Dulce, uma vida totalmente consagrada a Deus
  • Palavra de Deus: Fl. 1, 18b-26
  • Silêncio...
Canto sugerido: Permanecei em mim é teu pedido Senhor...
“A sublimidade da nossa vida está na doação total de nosso ser a Deus”! (Ir. Dulce)
Meditação: A vida do anjo bom do Brasil foi uma vida totalmente dedicada ao projeto de Deus, pois viveu plenamente a caridade ao se interessar pelo bem e pela salvação do outro, tanto na dimensão material e humana como na dimensão espiritual. Ao viver a sua vida como dom de serviço a Deus e aos irmãos tornou-se exemplo para todos os batizados, mostrando o que é viver como filha de Deus e consagrada, fazendo tudo para aproximar-se do Senhor e levando outros a se aproximarem desta fonte de salvação e vida, que é Cristo, a partir das suas ações de amor.
Oremos: Senhor da Igreja, impulsiona-nos a viver o nosso batismo, como viveu a bem aventurada Dulce, para que consagrando a nossa vida ao Senhor, possamos trabalhar para a nossa salvação e a do nosso irmão, realizando, assim, o projeto de amor, que o nosso Deus preparou para toda a humanidade. Amém.
  • 1 Pai Nosso, 3 Ave Maria, 1 glória ao Pai
FONTE: http://www.arquidiocesesalvador.org.br/

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Festa de Gema Galgani


Na manhã do dia 16 de maio deste correte anoa Comunidade Passionista São Gabriel de N. Sra. das Dores (Salvador-Ba) se reuniu logo cedo para rezar as laudes próprias de Santa Gema Galgani e as 10 hs a Santa Missa em honra a Santa Gema, com a presença de toda a Comunidade Religiosa mais alguns convidados: Pe. Adilson (professor da Faculdade S. Bento da Bahia), Ir. Violeta e um leigo colega de Faculdade dos Formados. Veja as fotos:

sábado, 14 de maio de 2011

Padre Josimo, 25 anos de martírio, presente! Zé Vicente



por Zé Vicente

Nesse dia 10 de maio de 2011, celebramos 25 anos do assassinato do Pe. Josimo Morais Tavares, quando subia as escadas para a sala da CPT - Comissão Pastoral da Terra, em Imperatriz / MA. Era filho único da viúva, Dona Olinda e tinha então, 33 anos.

Naquele domingo das mães de 1986, eu era membro da CPT no Ceará e estava realizando um trabalho, juntamente com Luizinha Camurça, que também atuava na Secretaria do órgão do Regional, em Fortaleza. Ao recebermos a noticia, ligamos pra D. Aloísio Lorscheider, nosso arcebispo que nos orientou a elaborarmos uma pequena nota comunicando a todas dioceses do Regional NE I, o triste acontecido, lembrando a dimensão do testemunho pascal do mesmo.

Pe. Josimo sofreu várias ameaças, dois atentados e foi executado à bala, por um pistoleiro, a mando de um grupo de fazendeiros da região chamada Bico do Papagaio no Tocantins, onde ele acompanhava toda a situação de conflitos pela posse da terra e pelos direitos dos trabalhadores, como membro da coordenação da CPT.

Como cantor da caminhada, movido pelo testemunho de Josimo, compus a música "Renascerá" em sua homenagem.

"Renascerá, renascerá, o teu sonho, Josimo,

De um novo destino renascerá!

E chegará, e chegará tempo novo sagrado

Há tanto esperado, pra nós chegará!"

Por ocasião do décimo aniversário, em 1996, participei da programação. Este ano, fui convidado pela equipe formada por representantes da CPT, do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), da Organização das Quebradeiras de Côco Babaçu, Sindicatos etc. para marcar presença, novamente, cantando num dos eventos da programação de mais uma Semana da Terra Pe. Josimo, em Augustinópolis / TO e em Imperatriz / MA.

Seminário sobre aquecimento global, oficinas, feira de agricultura familiar, pedágio, vivências, apresentações artísticas, missa, encheram a agenda dos dias 30 de abril a 08 de maio. "Não foi fácil motivar e conseguir apoios, inclusive de setores de nossas Igrejas" lamentava uma das mulheres participantes da coordenação em Imperatriz.

Confesso que vivemos momentos marcantes, tanto em Augustinópolis, na sexta, dia 06, quando cantamos na praça, numa noite chuvosa, com a participação calorosa de trabalhadores, militantes, vários padres, pastores, mulheres idosas, entre elas, Dona Olinda, mãe de Padre Josimo, que ainda vive e mora ali na região. Ao contemplar sua imagem tão pequena, cabelos brancos, silenciosa, vestindo a camiseta comemorativa, com a frase do testamento do filho: "morro por uma Causa justa!", o nosso coração ardeu de emoção.

Em Imperatriz, cantamos com um público vibrante, no Ginásio da Paróquia de São Francisco, eu com a cantora Eliahne Brasileiro, o músico Heriberto Silva e mais vários artista da música e do teatro local. Foi realmente um belo mutirão de arte e memória. A presença do velho líder camponês, Manoel da Conceição, que veio com a família. Ele continua fiel e firme aos princípios da ética e da organização dos trabalhadores, desde muito jovem. Inclusive na última eleição presidencial, fez uma desafiante greve de fome, correndo riscos de vida, por conta da idade, protestando conta a imposição do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, que impôs ao Diretório do Maranhão o apoio a candidata Roseana Sarney.

Um dos momentos emocionantes foi quando convidamos Manoel no palco, para prestar nossa homenagem, dentro da memória pascal de Pe. Josimo. Ele não falou, apenas trocamos um longo abraço e recebeu nosso aplauso.

Na manhã do domingo, dia das mães, nos encontramos com o grupo de pessoas que promoveu o evento, na casa das Irmãs Teresianas, realizamos uma Vivência Mística, com dinâmicas, abraços, canções, poesias e um gostoso almoço compartilhado.

Denise, uma senhora militante, convidou a quem conheceu Josimo, para lembrar alguns traços do mesmo: "era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das pessoas, tinha um jeito manso, gostava de usar aquelas chinelas havaianas..."

No final do dia fomos, com uma equipe menor, contemplar o pôr-do-sol na beira do grande Rio Tocantins. A lua nova também deu o ar de graça sobre nós.

A última estrofe do Samba pra Josimo voltou a minha lembrança, como utopia teimosa, assinada com seu sangue há 25 anos.

"Cada rio formoso lá do Tocantins

Levará teu sonho a todos os confins

E cada braço erguido, conquistando o chão

Terá as energias do teu coração!"

Assim seja!

Fortaleza, 10 de maio de 2011

Zé Vicente - poeta-cantor

e-mail: zvi@uol.com.br

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Nota da CNBB

a respeito da decisão do Supremo Tribunal Federal
quanto à união entre pessoas do mesmo sexo.

Nós, Bispos do Brasil em Assembleia Geral, nos dias 4 a 13 de maio, reunidos na casa da nossa Mãe, Nossa Senhora Aparecida, dirigimo-nos a todos os fiéis e pessoas de boa vontade para reafirmar o princípio da instituição familiar e esclarecer a respeito da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Saudamos todas as famílias do nosso País e as encorajamos a viver fiel e alegremente a sua missão. Tão grande é a importância da família, que toda a sociedade tem nela a sua base vital. Por isso é possível fazer do mundo uma grande família.

A diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural. O matrimônio natural entre o homem e a mulher bem como a família monogâmica constituem um princípio fundamental do Direito Natural. As Sagradas Escrituras, por sua vez, revelam que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e os destinou a ser uma só carne (cf. Gn 1,27; 2,24). Assim, a família é o âmbito adequado para a plena realização humana, o desenvolvimento das diversas gerações e constitui o maior bem das pessoas.

As pessoas que sentem atração sexual exclusiva ou predominante pelo mesmo sexo são merecedoras de respeito e consideração. Repudiamos todo tipo de discriminação e violência que fere sua dignidade de pessoa humana (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357-2358).

As uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo recebem agora em nosso País reconhecimento do Estado. Tais uniões não podem ser equiparadas à família, que se fundamenta no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e educação dos filhos. Equiparar as uniões entre pessoas do mesmo sexo à família descaracteriza a sua identidade e ameaça a estabilidade da mesma. É um fato real que a família é um recurso humano e social incomparável, além de ser também uma grande benfeitora da humanidade. Ela favorece a integração de todas as gerações, dá amparo aos doentes e idosos, socorre os desempregados e pessoas portadoras de deficiência. Portanto têm o direito de ser valorizada e protegida pelo Estado.

É atribuição do Congresso Nacional propor e votar leis, cabendo ao governo garanti-las. Preocupa-nos ver os poderes constituídos ultrapassarem os limites de sua competência, como aconteceu com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal. Não é a primeira vez que no Brasil acontecem conflitos dessa natureza que comprometem a ética na política.

A instituição familiar corresponde ao desígnio de Deus e é tão fundamental para a pessoa que o Senhor elevou o Matrimônio à dignidade de Sacramento. Assim, motivados pelo Documento de Aparecida, propomo-nos a renovar o nosso empenho por uma Pastoral Familiar intensa e vigorosa.

Jesus Cristo Ressuscitado, fonte de Vida e Senhor da história, que nasceu, cresceu e viveu na Sagrada Família de Nazaré, pela intercessão da Virgem Maria e de São José, seu esposo, ilumine o povo brasileiro e seus governantes no compromisso pela promoção e defesa da família.

Aparecida (SP), 11 de maio de 2011

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Presidente da CNBB
Arcebispo de Mariana – MG

Dom Luiz Soares Vieira
Vice Presidente da CNBB
Arcebispo de Manaus – AM

Dom Dimas Lara Barbosa
Secretário Geral da CNBB
Arcebispo nomeado para Campo Grande – MS

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fez-se vingança, não justiça

Leonardo Boff

Alguém precisa ser inimigo de si mesmo, e contrário aos valores humanitários mínimos, se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de novembro de 2001, em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado, ele mesmo, num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do país. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Irã, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade na qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.

Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman, de Melbourne Beach da Flórida, que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente: ”Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”.

Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.

Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA, também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano "As veias abertas da América Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos "Blowback” (retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Este é o pano de fundo para entendermos a atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.

Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao seu esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.

Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o Presidente Barack Obama, como se fosse um "deus” determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de "não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque, com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann, em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barack Obama deverá um dia responder. Depois se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se seqüestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.

Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável. ”Minha é a vingança” diz o Deus das escrituras das três religiões abraâmicas. Agora estaremos sob o poder de um Imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.

Quando a consciência manda desobedecer

Marcelo Barros

As escolas e religiões pregam a obediência como virtude importante. Entretanto, a própria Organização das Nações Unidas (ONU) consagra o 15 de maio como "o dia mundial da objeção de consciência”. Assim, fica claro que toda pessoa tem o direito de desobedecer, quando a ordem dada se opõe à sua consciência. Em Israel, jovens recrutados ao serviço militar obrigatório invocam a objeção de consciência para se negar a combater palestinos ou queimar casa de pessoas pobres, ato comum perpetrado pelas tropas de ocupação israelita. Nos Estados Unidos, por objeção de consciência, muitos jovens se negam a fazer guerra em outros países do mundo. E vários religiosos foram presos por rasgarem em um ato público e diante do Congresso Nacional o seu documento de incorporação militar. É uma atitude oposta a dos generais nazistas que se defenderam das acusações de genocídio, sob o pretexto de que tinham matado inocentes por obediência a seus superiores. Deveriam ter desobedecido. Em vários países do mundo, grupos religiosos e civis se negam a pegar em armas e exigem substituir os treinamentos militares por ações pacíficas. Fazem serviço civil no lugar do serviço militar obrigatório e a lei reconhece este direito.

No Brasil, a Constituição garante aos jovens brasileiros este direito. Entretanto, as leis complementares até agora ainda não foram sancionadas. Por isso, o direito da objeção de consciência ainda não se pode exercer verdadeiramente. Poucos brasileiros têm consciência disso. A ONU consagra toda esta semana para aprofundar este direito e divulgar esta atitude pacifista. Só se reconhece a dignidade humana onde a consciência individual e a fé de cada grupo forem respeitadas.

A espiritualidade ecumênica compreende a obediência não como mera execução mecânica de uma ordem dada, mas como abertura interior que leva a pessoa a escutar e acolher livremente a palavra e as propostas de outro. Esta liberdade interior permite o diálogo e se for o caso o dissenso e a discordância. Há pessoas que executam uma ordem recebida de forma tão mecânica que sua atitude não é humana. Ao contrário alguém pode discordar de uma orientação e não cumpri-la, mantendo-se, entretanto, fiel ao espírito do diálogo. A obediência crítica e amorosa propõe a colaboração mútua no lugar da competição e contém um elemento subversivo à mesquinhez do mundo.

De fato, no decorrer da história, a humanidade tem progredido mais pela ação de pessoas que ousam desafiar as leis e inovar os costumes do que através daquelas que simplesmente seguem caminhos convencionais. Os grandes líderes espirituais da humanidade foram pessoas que romperam com o sistema e, para exercer sua profecia, ousaram desobedecer a autoridades constituídas e a leis vigentes.

A sociedade considera "objeção de consciência” a atitude de quem, por convicção religiosa, social ou política, se nega a pegar em armas e a participar de guerras e atos violentos. Homens e mulheres, admirados no mundo inteiro, alguns até premiados com o Nobel da Paz, em seus países, foram considerados como rebeldes e desobedientes. Para os budistas tibetanos, Sua Santidade, o Dalai Lama, é a 14a reencarnação do Buda da Compaixão, mas, para o governo chinês, é um dissidente, desobediente às leis. O prêmio Nobel da Paz foi dado a dois latino-americanos ilustres: a Rigoberta Menchu, índia maya que viveu anos sem poder voltar à Guatemala para não ser assassinada e a Adolfo Perez Esquivel, advogado que, durante anos, era constantemente ameaçado de prisão na Argentina. No Brasil da ditadura militar, Dom Hélder Câmara, era escutado no mundo inteiro, enquanto, em nosso país, os meios de comunicação não podiam divulgar nada que falasse em seu nome. No passado, Gandhi e Martin Luther King foram presos e condenados como desobedientes às leis oficiais. Para os católicos, os mártires são testemunhas da fé. Muitos foram condenados à morte por se negar a reconhecer o imperador como divino; Outros foram mortos por se negarem a pegar em armas. Do ponto de vista da fé, são heróis, mas a sociedade da época os condenou como desrespeitadores das leis e criminosos.

Objetar é opor-se a cumprir uma lei que fere a nossa consciência. A violência, seja cometida por uma pessoa individual, seja institucional, ou cometida pelo Estado, nunca construirá um mundo de paz e justiça.

Há objeção de consciência quando a pessoa se nega a cumprir ordens antiéticas. Em alguns países, cidadãos exigem saber a destinação exata do pagamento de seus impostos. E não aceitam pagar impostos se o dinheiro for aplicado em sociedades que fabricam armas ou investem em negócios anti-éticos. Em todo o mundo, há consumidores que não compram carne de fazendas que destroem florestas e dizimam a natureza.

Se a objeção de consciência é direito de toda pessoa diante do poder social e político, com maior razão ainda, as religiões e Igrejas deveriam reconhecer um direito à dissidência e à objeção de consciência diante de um poder religioso autoritário ou, por qualquer razão, injusto. Conforme a Bíblia, quando as autoridades de Jerusalém proibiram os apóstolos a falar no nome de Jesus, estes responderam: "Entre obedecer a Deus e aos homens, é melhor obedecer a Deus. Por isso, nós desobedecemos a vocês”(At 5, 29).

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães


Hoje, segundo domingo do mês de maio é dedicado as mães. Será que é um dia especial para felicitarmos nossas mães, abraçá-las, beijá-las, dizer que amamos? Porém, não podemos esquecer que todo dia é dia dela, é dia especial, que ela é especial para nós, que amamos todos os dias, que o carinho e atenção deve ser diário.

Mães sintam se amadas e agraciadas pelo Criador, por compartilhar da criação. Deus lhes deu o dom de gerar vida, de amar, educar e em Cristo ser evangelizadora daqueles que gerou. Como Maria, Mãe de Jesus, que deixou a Palavra (Verbo divino) se fazer vida dentro dela, iluminadas pela luz do Evangelho têm a missão de nas suas famílias serem evangelizadoras, promovendo o caminho com Jesus.

Na sua missão de ser mãe, fazem o mesmo gesto de Jesus todos os dias de vossas vidas, repartem o pão com seus filhos, fazem muitas vezes o milagre da multiplicação. Acompanham os primeiros passos de seus filhos na vida, como fez Jesus com os discípulos de Emaús (Lc,2413-35), com palavras que ardem seus corações, presença silenciosa, serena, confiante.

Mais do que nunca as mães vocacionadas a serem no seio de suas famílias uma evangelizadora, para que a família hoje seja e viva inspirada e iluminada pela luz do Evangelho e nossa sociedade seja mais humana.

Feliz dia das mães. Que sintam sempre a presença do Cristo Ressuscitado em vossas vidas!

Parabéns.

sábado, 7 de maio de 2011

Reflexão biblica

CEBI - Centro de Estudos Bíblicos

No Caminho de Emaús

Abrir os olhos

Ele está no meu de nós!

Lucas 25, 13-35

Texto extraído do livro “O avesso é lado certo – Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Lucas” – dos autores Carlos Mesters e Mercedes Lopes.

1. De que estavam falando pelo caminho?

Duas pessoas andando pela estrada. Desanimadas. Tristes! Estavam indo na direção contrária. Fugindo. Buscando. Imagem de ontem e de hoje. Imagem de todos nós. No ano de 85, muitos discípulos e discípulas andavam pelo caminho, tristes, desanimados, sem saber se estavam no caminho certo. No ano de 1998, parece que a cruz ficou maior e mais pesada. O desemprego, a violência, a droga, a falta de atenção séria à saúde e à educação, a falta de dinheiro, as dívidas... o desespero. Sentimo-nos impotentes frente à corrupção que desvia fundos dos cofres públicos, ou frente à má administração que deixa o povo no desamparo. O sistema neoliberal vai gerando cada dia mais exclusões de indivíduos, grupos e países. Parece que vivemos em um caos, em uma situação sem saída. Temos a impressão de estarmos caminhando ladeira abaixo, para o pior.

2. Tinham os olhos vendados

A experiência da morte de Jesus tinha sido tão dolorosa que eles perderam o sentido de viver em comunidade, abandonaram o grupo de discípulos e discípulas. Sentiram-se impotentes diante do poder que matou Jesus e procuraram salvar pelo menos a própria pele. Sua frustração era tão grande, que nem reconheceram Jesus, quando este se aproximou e passou a caminhar com eles (24,15). Tinham um esquema rígido de interpretação sobre o Messias, e não puderam ver a salvação de Deus entrando em suas vidas. Algumas discípulas tentaram ajudar os companheiros a perceber que Jesus estava vivo (24,22-23). Mas eles se recusaram a acreditar (24,24). Esta notícia era por demais surpreendente. Era o mesmo que dizer que Jesus era o vencedor do caos e da morte. Só podia ser fantasia, sonho, delírio de mulheres (24,11). Impossível acreditar! Quando a dor e a indignação pegam forte, há pessoas que ficam depressivas, desesperadas. Outras se tornam coléricas e amargas. Algumas invocam o fim do mundo com catástrofes que vão tirar os maus da face da terra. Outras buscam evadir-se numa oração sem compromisso social e político. Mas nenhuma dessas posturas ajuda a abrir os olhos e analisar a situação com fé lúcida e responsável, capaz de inventar saídas para esta situação aparentemente sem saída.

3. A Bíblia esquentou o coração, mas não abriu os olhos

Caminhando com eles, sem eles se darem conta, Jesus fazia perguntas. Escutava as respostas com interesse. Dessa maneira, obrigava-os a irem fundo no motivo da sua tristeza e fuga. Procurava fazê-los expressar a frustração que sentiam. Depois, ia iluminando a situação com palavras da Escritura. Procurava situas os discípulos na história do povo, para que pudessem entender o momento que estavam vivendo. Foi uma experiência apaixonante. Mais tarde, eles iriam fazer uma reflexão e perceber que o coração deles ardia, quando Jesus lhes explicava as Escrituras pelo caminho (24,32). Mas a explicação que Jesus dava a partir das Escrituras não conseguiu abrir os olhos dos discípulos.

4. Eles o reconheceram na partilha do pão

Caminhando com Jesus, os discípulos sentiram o coração arder. Cresceu dentro deles uma atitude de acolhida: “Fica conosco! Cai a tarde e o dia já declina!” (24,29). Foi só então que a partilha aconteceu. Partilha de vida, de oração e de pão. Partilha que abriu os olhos e provocou a mais importante descoberta da fé: ele está vivo, no meio de nós! (24,30-31). Esta descoberta lhes deu forças para voltar a Jerusalém, mesmo de noite. Tinham pressa de partilhar com os outros a descoberta que os fez renascer e ter coragem para enfrentar o poder da morte. Sim, Jesus era de fato o vencedor do caos e da morte! Não era fantasia das mulheres. Era uma realidade escondida, misteriosa, que só pode ser descoberta por quem aprende a partilhar, a se entregar, a sair do círculo vicioso dos interesses egoístas, para lutar junto com os outros pela vida de todos. Quando seus olhos se abriram, livres das trevas e travas por poder dominante, puderam descobrir a morte de Jesus como expressão máxima de um amor sem limites. Amor que tem sua origem no Pai cheio de ternura, gerador incansável da vida. Amor que tomou carne em Jesus de Nazaré para visitar e redimir a humanidade. Amor que se mantém fiel até ao extremo de dar a própria vida, para que todos tenham vida (Jo 10,10). Amor que foi confirmado pelo Pai, quando ressuscitou Jesus da morte.

5. Renascer para uma nova esperança

Esta experiência fez os discípulos renascerem para uma nova esperança. Ao redor de Jesus vivo, eles se uniram de novo e assumiram o projeto de vida para todos. A esperança é como um motor que leva a acreditar nos outros e a inventar práticas de fé. Com a esperança renovada, aquilo que parecia uma total impossibilidade passou a ter um novo significado para eles. Perderam o medo, superaram a experiência de incapacidade e de impotência. Deixaram de lado o negativismo derrotista e voltaram, em plena noite, como se fosse de dia. Voltaram para recomeçar, para reconstruir a comunidade, expressão, sinal e sacramento da presença de Jesus Ressuscitado.

6. Refazer hoje a experiência do caminho de Emaús

Desafiados pela atual conjuntura, somos chamados a viver hoje a experiência de Emaús e descobrir, na partilha solidária, a presença de Deus no meio de nós. Como comunidade de fé, somos chamados a reconstruir, no diálogo, na abertura e na acolhida, o projeto de Jesus, pelo qual ele entregou sua própria vida. A solidariedade leva à descoberta da força libertadora de Deus na história. Com olhar lúcido e criativo procuraremos expressar esta fé numa solidariedade bem concreta e articulada, seja a nível de grupo, de bairro ou de cidade. Dizer articulada quer dizer que esta ação solidária deve ser comunitária. Só assim será de fato sinal do Reino e poderá intervir em favor da vida, da vida indefesa dos pobres, os preferidos de Jesus.